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Okê Okê

Em alguns meses de viagem ao longo do território Brasileiro, o Filmmaker e Artista Thiago Coutinho de Souza idealizou um curta chamado ”Okê Okê”,  compilando imagens de Surf, Cultura e Natureza. Unidade com pluralidade.

O curta foi inspirado na Obra de Abdias de Nascimento e possui um repertório de ondas diferentes que compõe esse impactante trabalho.

A Poderosa onda de Regência com imagens da foz do Rio doce até a Reserva, a divertida onda de Jeribucaçu na Bahia, um Secret  em uma Lagoa da Região dos Lagos nada fácil de funcionar, uma onda que já não existe em Mapa, ” Secret” em Aracruz, destruída pela ampliação do Porto do Estaleiro Juroung e também alguns Beach Breaks no Sul do Espírito Santo são os picos da Sessão Okê Okê.

Surfistas profissionais focados, Free Surfers alucinados pelo esporte, Artístas e Shaper fazem o bonde que Thiago escolhe botar em sua obra.

                                                                                                                                                                          

Interview com THG

  • Nome, lugar de nascimento e onda preferida?
    Thiago Coutinho de Souza. Nascido em Vitória e criado no bairro Barcelona em Serra. Minha onda preferida já mudou várias vezes durante os anos, já fui apaixonado pelo coral de Jefreys bay em Jacaraípe, Ponta Comprida em Manguinhos, hoje apesar de não surfar muito lá por questões logísticas é o Xangão na Barra do Sahy.
  • Da onde vem o nome Oke – Oke? Okê Arô saudação de Oxóssi, que significa “Salve o Grande Caçador”. Oxóssi carrega em sua essência senso de caça, cura, bondade e proteção. Além de carregar o que é de cunho da natureza como: a fauna e a flora, as estrelas, a lua, o sol. Okê significa montanha em Iorubá também. Quando comecei a pesquisar a obra de Abdias vi essas questões relacionadas as religões de matriz africana no Brasil e me interessei também pela sua terminologia.
  • Maior dificuldade ao tentar compilar vídeos de surf junto a imagens culturais?Sinceramente, não vejo tanta dificuldade, acho que meu imaginário faz essa conexão de forma natural. Eu costumo tentar conectar tudo que é belo no sentido filósofico do termo, e naturalmente, ao começar o processo de montagem, conecto as diferentes linguagens com uma certa naturalidade. Talvez, uma dificuldade que é importante falar, é sobre a realização do projeto, normalmente em produções de surfe temos pouco ou quase nenhum investimento, portanto, partimos para ”tática de guerrilha” como chamamos no audiovisual, que é filmar sem recurso e acreditando no filme. Essa sim é a maior dificuldade para nós.

Porque Abdias do Nascimento?
Abdias do Nascimento foi um grande ensaísta Brasileiro, suas diversas frentes de atuação desde das artes plásticas, política, e a dramaturgia inspiram qualquer artista desse país. Fui impactado pela grandiosidade estética do seu trabalho e a força que inspira nós artistas negros. Recomendo a exposição ”Abdias Nascimento: um Artista Panamefricano” no Masp.

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  • Em sua opinião, melhor sessão do curta?
    As sessões de Regência sem dúvida, tanto do Point 1, Point 2 e o Tamar quanto a da Boca do Rio do Doce. Regência é fora da curva, tem todo contexto de luta recente, é uma vila histórica pelos acontecimentos do passado e presente do Brasil.
  • Um breve paradoxo sobre a estética dos antigos filmes de surf e os de atualmente;Rapaz, pergunta difícil em haha, deixa eu tentar. Os filmes de surfe hoje são melhores que os do passado porém o surfe de hoje é mais midiático e portanto talvez tenha perdido um pouco da sua essência? Talvez… Eu acredito que agora é uma boa época para os filmes de surfe mostrarem através da linguagem cinematográfica uma retomada dessa ”essência”.
  • No processo de criação do vídeo, existem elementos que contribuem para um bom fluir de ideias?
    Claro, para mim funciona como um mantra. Eu preciso estar bem, preciso que minha rotina esteja fluída. Rotina com yoga, surfe, boa alimentação e prática de exercícios físicos melhoram em muito meu processo criativo. Edição de filme é um processo muito solitário, então, para você enfrentar essa rotina você precisa em boa condição mental e física.
  • Taylor Steele ou Kai Neville? Porque?
    Taylor Steele é talvez o cineasta de filmes de surfe mais importante. Ele pegou a transição do cinema digital no final do anos 90 e construiu diversos filmes com essa nova possibilidade do mercado. O cara filmou Andy e Kelly no auge, isso também é histórico para o nosso esporte. Kai Neville é para mim a maior referência no meio, ele tem uma estética impecável e entendeu que o surfe não precisar ser necessariamente pautado em surfistas da ASP(WSL) ou surfistas de competição, apostando em freesurfers não convecionais e desenvolvendo seu repertório imagético a partir disso.
  • Em sua opinião, top 3 filmes de Surf?
    Billabong trilogy do Taylor Steele, Cluster do Kai Neville e Surf Adventures II do Roberto Moura.

    Roda D’Água. Festa do Congo, Espírito Santo – Brasil, Por Thiago Souza

    ”Hay una teoría que dice que la vida se basa en competicíon… y es interesante, por que quando te fijas en el caracter fractal de la evolucíon, la realidad se torna completamente distinta. Se basa más bien en  la cooperacion entre los elementos de la geometría, no en la competicion”.

                                                   

 

 

 

 

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