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Underground Surf

O surf é um esporte lindo, entrelaçado com a natureza, mas é fato que os praticantes, enquanto seres sociaveis, de alguma maneira se relacionam com a sociedade… é aí que entra em cena o movimento punk, de revolta e subversão, de expressão e de liberdade.

Neste artigo iremos compartilhar com vocês um pouco de um ponto de vista diante da atmosfera underground que existe no surf. Também vamos mostrar algumas imagens do artigo de Chas Smith, fantástico Jornalista de Surf, autor de Welcome to Paradise, Now, go to Hell. Por fim, a saideira fica por conta de Gerry Lopes, que além de grau mestre no surf, no yoga e na vida, domina a escrita e fala do surf enquanto movimento de vanguarda para mudar costumes da sociedade durante as décadas de 60 e 70, em seu livro “Surf Is Where You Find It “.

Chas Smith, lançou em 2020 o livro entitulado ”Reports From Hell”, onde ele documenta uma aventura de surf no Iêmen no início da Guerra ao Terror. A vivência documentada ocorreu em 2003, ano em que Chas fez uma “surftrip” um tanto diferente para o Iêmen, no início da guerra contra o terror no Oriente Médio.

Altas ondas documentadas por Chas Smith na casa ancestral de Osama Bin Laden.
Ancião orgulhoso levanta punho poderoso em homenagem ao surfe, Soqotra

Surf como Manifestação Punk: Quebrando as Barreiras Estabelecidas

O surf é um esporte que vai além das ondas e praias paradisíacas. Nos bastidores, há um movimento subversivo, inspirado no espírito rebelde e contracultura do punk e do underground. Neste artigo, exploraremos a fascinante analogia entre esses dois universos, revelando como o surf adotou elementos desse movimento e se tornou uma autêntica expressão de liberdade, criatividade e resistência.

Raízes subversivas:
Assim como o punk e o underground surgiram como uma reação ao mainstream, o surf underground surgiu como uma resposta à comercialização e padronização do esporte. Os surfistas rebeldes buscavam uma abordagem não convencional, desafiando as normas e estereótipos associados ao surfe tradicional.

Estilo e atitude:
Conhecidos por uma cultura e estética ousada e atitude desafiadora, os surfistas underground adotaram um estilo único, expressando-se por meio de pranchas personalizadas, roupas alternativas e uma atitude anti-establishment. Eles abraçaram a individualidade e a criatividade, rejeitando as tendências ditadas pela indústria.

Comunidades marginais:
Tanto o punk quanto o surf underground se formaram em comunidades marginais, onde a música, a arte e o surf eram fontes de união e resistência. Festivais de música, concursos alternativos e encontros secretos tornaram-se pontos de encontro de surfistas e punks, criando uma rede de apoio e solidariedade.

Mensagens subversivas:
O compartilhamento das mensagens subversivas, questionando o status quo e promovendo a liberdade individual, tanto nas letras das canções punk quanto nas manobras radicais nas ondas, esses movimentos expressam a rebeldia contra as normas impostas pela sociedade e pelo esporte.

Preservação do espírito original:
A resistência à comercialização grosseira e ondas passageiras de moda não afeta tanto o movimento do surf underground que busca como essência independente preservar sua autenticidade. Essa comunidade valoriza a conexão com a natureza, a busca pela onda perfeita e a liberdade de se expressar, sem se render às exigências do mercado.

Expressão Autêntica

O movimento punk e underground encontrou um reflexo no surf underground, gerando uma cultura alternativa que rejeita o mainstream, em busca de autenticidade e liberdade. Essa analogia nos mostra como o surf pode transcender as praias e se tornar uma forma de expressão artística, política e subversiva. Ao unir elementos do punk e do underground, o surf underground continua sendo um poderoso lembrete de que as ondas podem ser um espaço de resistência, criatividade e conexão com a natureza.

O surf vai além de um simples esporte, é uma jornada de purificação e expressão. Ao conectar-se com a natureza, liberar o estresse, expressar-se com autenticidade, superar desafios e conectar-se com a comunidade, você mergulha em um espaço de pureza interior. Deixe que as ondas te guiem nessa busca pela essência pura que reside em cada um de nós.

Quando você está na água, deslizando nas ondas, você se torna parte integrante da natureza. A sensação de estar em sintonia com o oceano e a energia das ondas traz uma profunda sensação de paz e harmonia. Essa conexão com a natureza ajuda a limpar sua mente e se reconectar com seu verdadeiro eu.

Felipe Lacerda, amigo e surfista do Litoral Norte do Espírito Santo com seu ARDRP IRON PONCHO

Cruzando a linha

O surf, outrora um movimento rebelde e contracultura, passa por uma transformação significativa nos tempos atuais. No passado, os surfistas procuravam fugir das normas sociais, desafiando as convenções e abraçando uma vida livre e selvagem nas ondas. No entanto, com maior acesso à informação e conscientização, o surf está evoluindo para se tornar uma prática mais inclusiva, sustentável e responsável. No passado, o surfe era considerado um esporte marginal, praticado por forasteiros em busca de liberdade e aventura. O surfista era visto como um rebelde, um indivíduo que desafiava as normas sociais e se conectava com a natureza de forma profunda. No entanto, essa imagem romântica do surf estava longe da realidade.

Com o avanço da tecnologia e a divulgação de informações, os surfistas e a comunidade em geral estão mais atentos aos impactos ambientais e sociais do esporte. A poluição dos oceanos, a exploração das áreas costeiras e o acesso desigual às praias tornaram-se questões importantes. Essa mudança de consciência está levando o surf para uma nova era de responsabilidade e engajamento.

Atualmente, vemos surfistas engajados em ações de limpeza de praias, projetos de conservação marinha e inclusão das comunidades locais. A divulgação de informação sobre sustentabilidade, respeito pelos ecossistemas costeiros e igualdade de acesso às ondas está a moldar um novo paradigma no mundo do surf.

A crescente conscientização está desafiando a comunidade do surf a repensar suas práticas e se engajar em ações que promovam um futuro mais sustentável e igualitário. A ligação à natureza continua a ser essencial, mas agora acompanhada de um sentido de responsabilidade e cuidado com os oceanos e as comunidades costeiras.

João Parmagnani & Asym Maze Surf Crafts & Diego Silva Picture & Regência, ES

Diante do atual acesso à informação, que tanto se expande, os internautas e entusiastas estão se tornando agentes de mudança. Eles estão usando plataformas digitais, mídias sociais e colaboração da comunidade para compartilhar conhecimento, promover projetos de conservação e inspirar outras pessoas a adotar um estilo de vida consciente.

O surfe, antes considerado um movimento rebelde, está se tornando um exemplo de como a mudança é possível quando você tem acesso à informação e assume responsabilidades. Essa evolução mostra que o surf pode ir além de um simples esporte, tornando-se um veículo de conscientização, preservação e conexão humana.

À medida que os surfistas se tornam agentes de mudança, podemos olhar para um futuro onde o surf é praticado de forma mais sustentável, inclusiva e respeitosa. Essa mudança de paradigma é um lembrete poderoso de como o acesso à informação pode impactar positivamente as comunidades e a natureza. O surf está se reinventando, mantendo sua essência rebelde, mas agora com uma consciência mais ampla e um propósito maior.

A evolução do esporte transformou um ”movimento rebelde” no passado para uma prática mais consciente e responsável no presente, reflete a capacidade humana de mudança e adaptação. O acesso à informação tem desempenhado um papel crucial nesta transformação, sensibilizando colectivamente para os impactos do surf no ambiente e na sociedade.

Surf Is Where You Find It, Gerry Lopez (traduzido)

“A década de 1970, no entanto, se transformou em um período especial e único da história do surfe. Nosso pico quente, plano, de concreto e asfalto no Ala Wai Yacht Harbour foi o epicentro de um estilo de vida e cultura em rápido desenvolvimento que era atraente estilo de vida e cultura atraentes por seus valores individualistas únicos . Esse estilo de vida desempenharia um papel fundamental no que viria a se tornar uma indústria multibilionária. A atração das ótimas condições de surfe em Ala Moana produziu uma geração que entendeu que estar lá para surfar aquelas ondas graciosas exigia seu próprio conjunto de regras. Eles entenderam isso não tanto pelo pensamento consciente, mas pela internalização da experiência dos caprichos do vento, da maré e do swell. A vida é o que aconteceu no processo. Se um surfista não trabalhasse porque estava sempre na praia esperando a onda subir, as pessoas que não entendiam o chamavam de vagabundo de praia. Tudo bem, desde que mamãe e papai alimentassem e abrigassem o vagabundo. Quando, inevitavelmente, o vagabundo queimou a ponte ao não aparecer para uma reunião de família porque a série estava ganhando força no pico, ser criativo rapidamente era obrigatório. Em algum momento, um adulto de verdade emergiu, mantendo alguma posição como membro ativo da sociedade e, ao mesmo tempo, mantendo a flexibilidade para praticar o surf em horário integral. Esse fenômeno acabaria por mudar a maneira como o resto da sociedade considerava as pessoas que a princípio eram vistas como meramente egoístas e irresponsáveis. O mundo “hétero” de Kerouac e Dylan, o homem de terno cinza, finalmente passou a ver os surfistas como atletas dedicados com excelente condicionamento físico e um objetivo de vida claramente definido. Quando um indivíduo tenta mudar opiniões e percepções comuns por conta própria, ele é rotulado de aberração. Mas quando os filhos de todos estão fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo, os pais acham essa atividade mais difícil de condenar. Em algum momento, os pais pararam de perguntar “O que você vai fazer quando crescer?” pergunta. Eles perceberam que seus filhos haviam crescido e já estavam fazendo isso. Os pais deram de ombros coletivamente e aceitaram.

As décadas de 1960 e 1970 foram tempos de grandes mudanças em todas as barreiras da sociedade ocidental. De maneira significativa, a consciência do estacionamento de Ala Moana incorporou mudanças que estavam ocorrendo em todo o Ocidente. Ninguém entre nós tinha a menor ideia de que poderíamos ser algum tipo de vanguarda para mudar os costumes na sociedade como um todo. Nós estávamos lá apenas para as ondas. Mas de alguma forma, na ignorância da juventude e no êxtase daqueles momentos de energia mágica do oceano, nosso comportamento deve ter conseguido transmitir algum tipo de sabedoria popular que havíamos adquirido, porque a vida ao nosso redor parecia mudar ligeiramente para melhor. “

”Roy tinha um tio que nós dois admirávamos. Ele não era apenas um cara legal, mas também um veterano agente especial do FBI com muitas boas histórias para contar. Tio Chuck terminava cada história com a advertência: “Fique longe de estacionamentos. Tudo de ruim cai em estacionamentos.” Não tivemos coragem de dizer a ele que a maior parte de nossas vidas adultas até aquele momento foi passada em estacionamentos. Pela soma de nossa experiência acumulada até então, Roy e eu sabíamos que o único lugar para estar durante a temporada de verão do South Swell era o estacionamento em Ala Moana. Esse estacionamento era, na minha opinião, a área de palco para alguns dos surfes mais progressivos do planeta durante os primeiros dias da revolução das pranchinhas. Isso não quer dizer que o o surf da era do longboard dos anos 1960 era menos do que progressivo. Era espetacular. Ala Moana atraiu os melhores surfistas de ondas pequenas do Havaí e os tornou melhores.

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